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camera recordSobre a reportagem exibida no dia 04 de Agosto de 2019 no Câmera Record

A reportagem abordou o veganismo em diversas fases da vida, inclusive entrevistando personalidades conhecidas como a Xuxa, mostrando aspectos interessantes da alimentação a base de vegetais. Um dos pontos abordados foi o veganismo na infância. Porém foi exibido em trecho onde um médico entrevistado se opunha ao veganismo na infância  e concluía que a ausência de carnes, leites e ovos poderia causar danos permanentes no desenvolvimento da criança.

Esse pronunciamento está incorreto e não condiz com achados científicos e pareceres internacionais.

A Associação Dietética America já se posicionou a favor do veganismo em todas as fases da vida. Além disso estudos científicos não encontram diferenças tanto no desenvolvimento quanto no estado nutricional de crianças vegetarianas quando comparadas a crianças onívoras. Portanto a alimentação sem alimentos de origem animal e balanceada, como toda alimentação deve ser, é segura desde o nascimento até a fase adulta. Portanto a citação da matéria também está equivocada e desatualizada.

Nós, da SVB, trabalhamos para levar informações e orientar as famílias que aderem ao vegetarianismo, afim de tornar esta prática ainda mais segura e saudável para as crianças, corrigindo informações desprovidas de embasamento científico que circulam na mídia.

O vegetarianismo na infância gera muitas dúvidas nos pais e profissionais que atendem e acompanham a criança. É função da SVB e de todos os profissionais de saúde, orientarem a forma segura de organizar a alimentação, seja vegetariana ou não, pois igualmente em qualquer dessas abordagens, deficiências podem levar a distúrbios na evolução da criança.

Os achados cientificos mostram que crianças vegetarianas ou veganas apresentam crescimento dentro dos padrões de peso e altura, assim como constado nos posicionamentos das Sociedades Internacionais já referidas.

A única deficiência que crianças vegenas estão mais expostas quando compradas as crianças onivoras, é em relação a vitamina B12.

A vitamina B12 é de vital importância para a saúde e desenvolvimento infantil.  Suas fontes dietéticas principais (carnes, leite e ovos) não estão presentes na alimentação vegetariana estrita (vegana). Porém os estudos confirmam que a suplementação é altamente eficaz para a manutenção de bons niveis dessa vitamina.

A criança vegetariana ou vegana vai receber B12 através do leite materno ou fórmula infantil, e a suplementação após os 6 meses de vida.  Muitos suplementos comerciais destinados a uso pediatrico já incluem a vitamina B12 em sua formulação, visto que a deficiência tem sido recorrente na população em geral, acometendo mais de 40% da população onívora na América Latina. A título de curiosidade, a deficiência na propulação vegetariana é de 50%, ou seja, apenas um pouco acima da encontrada na onívora.

Essa vitamina é, de fato, fundamental para o nosso organismo e todas as diretrizes de acompanhamento de crianças vegetarianas recomendam sua suplementação. Para manutenção da adequabilidade de dietas infantis (mesmo as onívoras), entidades nacionais e internacionais já recomendam suplementação (ex Vitamina A, D, Ferro, entre outras) como meio eficaz para a prevenção e saúde. Pela visão nutricional, vitamina B12 deve ser sempre prescrita para a criança vegetariana, mas pela visão epidemiológica, ela deveria estar presente nas recomendações de ingestão de todas as crianças onívoras também.

Conclusão

A opção pela alimentação vegetariana apresenta incrementos crescentes e a Sociedade vegetariana Brasileira (SVB) continuará a atuar de forma séria e em apoio a profissionais, sempre embasados em ciência de boa qualidade, com ética e responsabilidade. 

O preconceito e os mitos, mesmo dentre os profissionais que atuam no acompanhamento infantil, que envolvem o vegetarianismo na infância precisam ser desmistificados com seriedade e solidez cientifica consistente.

A alimentação vegetariana bem planejada, assim como cientificamente endossada por renomadas entidades, comprovadamente não oferece riscos a criança, assim como qualquer outra dieta, inclusive onívora, bem planejada.

Como adequado posicionamento e conduta acadêmica para constar em discussões e textos apresentados em meios digitais, segue abaixo uma lista de referências científicas sobre o tema abordado, que foi por nós utilizada para referenciar o texto acima.

Atenciosamente;

Texto elaborado pelo Departamento de Nutrição Materno Infantil da Sociedade Vegetariana Brasileira com colaboração e consultoria científica dos citados abaixo:

Responsável:

Dra. Aline C. Vieira

Nutricionista, Pós Graduada em Nutrição Materno infantil; Conselheira em amamentação; Coordenadora do Departamento de Nutrição materno infantil da SVB.

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