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Você já comeu a Amazônia hoje? Esta pergunta, mote de uma campanha realizada anos atrás pelo Instituto Peabiru (sediado em Belém/PA), representa bem a expedição feita pela SVB à Amazônia em janeiro de 2014.
 
Durante dez dias, três representantes da organização participaram de uma expedição que passou por comunidades ribeirinhas do Rio Amazonas, próximo à divisa entre Amazonas e Pará.
 
O objetivo era simples: colher informações e imagens, muitas imagens, da devastação da exuberante floresta amazônica pela atividade pecuária e, também, relatos das comunidades - em especial a respeito dos seus hábitos alimentares e efeitos disso na sua saúde.
 

Se fosse necessário resumir em uma frase o aprendizado e o vasto material recolhido e gravado, ela poderia ser "É impossível falar em preservação da floresta amazônica sem falar no problema do consumo de carnes e derivados". E nós vimos este fato com os nossos próprios olhos.

A base da expedição foi Faro/PA - onde, aliás, a SVB conseguiu após dias de diálogos implantar a Campanha Segunda Sem Carne no âmbito da prefeitura, tornando-se Faro a primeira cidade da Região Norte a aderir a campanha (sobre este assunto, leia mais aqui).

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Foto: Marly Winckler

 

Mas o aspecto que mais chamou a atenção da equipe foi realmente a relação que as comunidades tinham com a pecuária. Os ribeirinhos vivem, ainda, uma ilusão de que o melhor investimento do mundo é comprar um rebanho (mesmo que isso acabe totalmente com as suas economias) e viver da renda gerada por esta atividade pecuária. Entretanto, os testemunhos que vimos de pequenos proprietários de terra e de pequenos rebanhos mostram o contrário: estes pequenos pecuaristas são pessoas pobres, presas ao seu rebanho e à sua atividade, seduzidas e hipnotizadas por um caminho de vida pouco próspero e que, ademais, lhes impede de tentar caminhos melhores (para eles, para os animais e para o meio ambiente) como por exemplo o cultivo de espécies agrícolas vegetais.

 

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Foto: Guilherme Carvalho

 

E nesta região da divisa AM-PA, em que as rodovias não chegam, a floresta teve a chance de se manter um pouco mais preservada. O Amazonas, por exemplo, é tido como o estado menos desmatado de toda a Amazônia brasileira. Mesmo assim, ficou muito claro na pesquisa que, nas áreas onde há algum desmatamento, ele tem como atividade motivadora principal a pecuária. E isso é particularmente verdade nas beiras de rios e várzeas, que estão entre as terras mais férteis e também críticas para a preservação dos rios. Para piorar, sabe-se que "onde o boi pisa, não se planta" (ouvimos essa máxima algumas vezes, da boca de moradores locais, durante nossa estada) - ou seja, pôr o gado numa terra, de certa forma, invalida aquela terra para qualquer produção agrícola.

 

"Para que tudo isso?", nos perguntávamos. "Para que toda essa brutalidade com um ecossistema exuberante e único, junto ao sofrimento dos animais, à violência social imposta aos próprios pequenos pecuaristas e à incidência de doenças crônicas como obesidade e hipertensão?"

 

E a incidência dessas doenças foi classificada como crescente por diversos profissionais de saúde a quem entrevistamos. Segundo a Secretária de Saúde de Faro/PA, a prevalência de hipertensão é crescente e preocupante, e isso se deve ao menos parcialmente ao padrão alimentar - que exclui uma variedade de frutas, legumes e verduras, incluindo em vez disso grandes quantidades de muita carne. As duas médicas cubanas recebidas em Faro para o programa "Mais Médicos" confirmaram a informação.

 

Para completar a experiência "Para que tudo isso", visitamos com muita dificuldade o abatedouro de Parintins/MA, onde acompanhamos, de perto e com muito pesar, o pavor de dezenas de animais sendo preparados para o abate.

 

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Foto: Marly Winckler

 

Algumas entidades que trabalham a temática do desmatamento na Amazônia propõem, como uma das soluções à devastação da floresta oriunda da pecuária, a intensificação da criação de gado. Querem, de maneira incoerente e inaceitável, diminuir o espaço que os bois ocupam, às custas de ainda mais sofrimento e de áreas plantadas para produzir ração para esses animais. Outros defendem a aquacultura - mais uma vez subjugando animais a sofrimentos ainda maiores -, e outros preferem simplesmente fingir que não precisam falar sobre o tema.

 

A solução para o problema do desmatamento na Amazônia (ou pelo menos uma parte importante da solução) é conhecida, é simples e pode resolver uma série de outros problemas. A solução se chama vegetarianismo. E o vegetarianismo precisa ser adotado cada vez mais nas grandes cidades, que são os principais demandantes daquela cadeia de sofrimento e devastação na Amazônia. Só não vê quem não quer, e a SVB está determinada a garantir que todos vejam.

 

Do conteúdo colhido e produzido na expedição, resultará um ou mais vídeos educativos que a SVB pretende usar para estimular uma abordagem consciente e coerente da questão amazônica.

 

A criação de animais para consumo é o grande vilão do desmatamento da Amazônia. Aprendemos, com informações palpáveis, que é absolutamente impossível falar em redução ou eliminação do desmatamento amazônico sem seguir o vegetarianismo e falar claramente sobre esta problemática da carne.

 

E você, já comeu a Amazônia hoje?

 

Veja abaixo mais fotos da expedição.

 

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Entrevista com o EMATER-PA. Foto: Marly Winckler

 

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Entrevista com o IBAMA. Foto: Marly Winckler

 

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Criadouro de peixes de larga escala às margens do rio. Foto: Guilherme Carvalho

 

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Gravando área de pasto às margens do Rio Nhamundá. Foto: Mônica Buava

 

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Vista parcial de Faro/PA, base de apoio da expedição. Foto: Guilherme Carvalho

 

 

 

 

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