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Raquel Ribeiro

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No começo de maio, o prédio da Bienal, no Parque Ibirapuera, em São Paulo, recebeu um público heterogêneo e ávido por novidades em produtos orgânicos e vegetarianos. Ali, durante quatro dias, a SVB atraiu e cativou centenas de pessoas, fisgando-as pela boca. “Ao conhecer alimentos – como o tempeh e a quinua – e redescobrir a banana ou a batata doce, elas viram que podem enriquecer seu cardápio, em vez de ter medo de tirar a carne”, disse a nutricionista Natalia Chede, coordenadora das oficinas culinárias, estrelas do 1o Salão Vegetariano, espaço da Sociedade Vegetariana Brasileira na 4a Feira Internacional de Produtos Orgânicos e Agroecologia.

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Promovido pela SVB, o 1o Salão Vegetariano, marcou uma presença de destaque na 4a Feira Internacional de Produtos Orgânicos e Agroecologia que foi visitada por 20 mil pessoas. O motivo do sucesso? As disputadas oficinas culinárias. Com apoio da Electrolux, que cedeu equipamentos de primeira linha, da Mãe Terra e do Samurai Tofu, diversos culinaristas prepararam receitas bacanas e relativamente fáceis, deixando o público com água na boca – ainda bem que o roteiro previa degustações. Chefs conceituados – como Tatiana Cardoso, do restaurante Moinho de Pedra –, iniciantes na arte culinária vegetariana, como Diogo Ramos Miranda e até um médico, o dr. Alberto Gonzalez, mostraram que o lugar de todos que valorizam a saúde é... na cozinha!  
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Foram oito oficinas por dia, com duração média de uma hora, ensinando a fazer bolos, tortas, paella, risoto, pizza, pratos crudívoros e muito mais. A nutricionista Natalia Chede, membro do Departamento de Medicina e Nutrição da SVB, estava disponível para responder as dúvidas dos presentes. “O fato mais interessante, e talvez o mais importante, foi que a maioria do público não era vegetariano (ainda), e apesar disso, as oficinas estavam lotadas e todos provaram e aprovaram as degustações.” Para Natália, o preconceito de que vegetariano só come comida sem graça ficou ultrapassado após esse evento. “Barreiras foram quebradas e todos que participaram levaram pra casa a certeza de que o vegetarianismo, além de ser um estilo de vida ético e ecológico, é também muito gostoso”.

A nutricionista ressalta que restrita mesmo é a alimentação onívora: a dúvida sobre “o que vou comer se tirar a carne” imobiliza muita gente. Nesse ponto, o Salão foi uma peça-chave para acabar com esse medo. No final da demonstração de Dina Bastos, a senhora que estava ao meu lado perguntou se eu não comia carne. Disse que sim, mas sugeri que não se preocupasse em tirar o frango ou o bife, mas sim aproveitar as coisas que viu. Lembrei das receitas com tempeh, tofu, das delícias com cogumelos, da versatilidade da beringela, dos cremes sem leite, do bolo sem ovos e outras maravilhas apresentadas pelos chefs. Ela anotou tudo num bloquinho e comentou: “É um mundo de novidades! E eu vou entrar nesse mundo.”

Muito mais que capricho

palestra-marly.jpg Além das demonstrações culinárias, a SVB convidou empresas que partilham nossa filosofia – teve produtor de roupa, sapato e até chocolate vegano! – e promoveu o seminário Alimentação Ética, Sustentável e Saudável. Apesar do tempo frio e chuvoso na capital paulista e do evento ser pago, teve gente que sentou no chão para ouvir as palestras sobre meio ambiente, direitos animais e vegetarianismo. Marly Winckler, uma das palestrantes, usou o exercício da suposição e levou o público a pesar os benefícios da dieta vegetariana: “O sistema de saúde funcionaria melhor, a sociedade mudaria com uma alimentação mais saudável, ética e econômica; até para as empresas seria um bom negócio, já que um bandejão vegetariano sai 30% mais barato do que os tradicionais”. A socióloga e presidente da SVB ressaltou que nossos governantes deviam levar em conta a vantagem de baixar o índice de casos de estandesvb2.jpgdiabetes, câncer e doenças cardíacas e, assim, ter um SUS menos sobrecarregado. “Avaliar os impactos da mudança alimentar mostra que a questão vai muito além do capricho de você gostar ou não de certo alimento”, disse Marly, que não arredou pé do estande da SVB, trabalhando com Cláudia Tibana e Karla Souza Pinto, do grupo de Florianópolis, e Marcia Lima e Mônica Buava, de São Paulo. 

A vida está na terra

O Salão também contou com a presença de Ana Branco e sua equipe, que apresentaram a Feira do Desenho Vivo, com apoio da PUC-RJ. Em barraquinhas rústicas, a turma do BioChip mostrou os processos de germinação de sementes e preparou sucos e guloseimas “vivas”. A beleza e sabor dos pratos tornou o espaço disputadíssimo. Grande parte do público, que pela primeira vez ouvia falar de grãos germinados e alimento vivo, mostrou-se fascinada. “Estão em busca do óbvio: banana, batata... Mostramos o que todo mundo já conhece, mas se esqueceu de como consumir. Por um bom tempo a gente achou bacana comprar alimento industrializado e agora busca a vida. E a vida está na terra”, avalia Ana, com simplicidade. 

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Ao ver tanta gente em volta das barracas, perguntei se era a doença (ou o medo dela) que estava levando as pessoas a se interessarem pelo vegetarianismo. “Às vezes a gente se move pela dor, às vezes pelo amor. Mas tanto faz, quando se chega no mesmo lugar”, respondeu a senhora de cabelos brancos que faz das frutas e legumes sua palheta de cores. Saiba mais http://wwwusers.rdc.puc-rio.br/anabranc

Veja os participantes das oficinas e suas receitas (todas estarão no site da SVB)

Alex Fernandes - pizzas (em máquina de fazer pão) de tomate seco e tofupiry

Alberto Gonzalez - alimentos crus, leite de pinhão

Angela Festa - Mãe Terra - pão enformado de legumes e torta de frutas

Angélica C Fonseca - Tofutura - pratos com tofu

Anna Maria Curcelli - patês, mousse de chocolate, bisteca de tofu, estrogonofe rápido

Dina Bastos - Mãe Terra - cozinha natural alternativa

Diogo Ramos Miranda - paella vegana

Ellen Vitorino - arroz de carreteiro, salada verde caipira, sorbet de limão com caqui em calda de laranja

Fernanda Franco - tapiocas recheadas

Flavio Passos - alimentação viva, bolo de coco

Julio Barillas - salada de funcho, amêndoas e laranja

Laura Kim Barbosa - hambúrgueres, salgadinhos, bolos doces, docinhos, milk-shakes,

Lar Vegetariano - churrasquinho de soja

Julio Barillas - salada de arroz e azeitonas; feijão egípcio

Nereida Cortopassi - pratos com tempeh

Regina Pavan - sambhar masala, dhal de legumes; garam masala; arroz frito com especiarias

Silvia Helena Saraiva - torta de mandioca e shimeji

Tatiana Cardoso - Moinho de Pedra - Quinuas negras com tomates orgânico, gengibre e alho, servida com escalopes de tofu assados em marinado agridoce; penne com tomate concassé, gengibre em conserva, shimeji, ciboulette, manjericão;  Risoto de arroz integral com manga  e pimenta biquinho acompanhado de dahl de lentilhas com abóbora, curry e azeite de coentros;  torta de bananas com fibras sem açúcar, cuzcuz; mix de 3 quinuas com lentilhas libanesas, legumes salteados;  quiche de tofu, tomate e manjericão;  grão-de-bico com tahine, tomates e hortelã; salada refrescante de pêra Borsin, gengibre em conserva, amêndoas tostadas e especiarias;  bolo quente de ameixa fresca, framboesa e maçã adoçado com melado orgânico.

A Feira foi uma festa

Os estandes localizados no Salão atraíram o público com as camisetas transadas da Ciclo Ambiental (todas produzidas com fibras de garrafa PET reciclada), com os chocolates veganos da Genevy e Cooperativa Vegana e outros produtos bacanas eticamente corretos. Para se ter idéia do sucesso do espaço planejado pela SVB, apenas o estande da Revista dos Vegetarianos fechou 210 novas assinaturas da publicação. O melhor é que os produtos expostos no Salão Vegetariano foram apenas uma amostra das belezas e delícias presentes na feira como um todo. 

Veja alguns destaques:

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Sapatos da marca Vá a pé e, ao fundo, estande do Será o Benedito, grife badalada que usa lona de caminhão como matéria-prima para roupas e sapatos. 

 
Artesanato esperto

Sacolas plásticas, sobras de tecido e até aparas de sacos de cebola viram bolsas leves e coloridas. Obra de mulheres que descobriram na reutilização de materiais um caminho para incrementar a renda familiar e a auto-estima. Os produtos alegres e bem-acabados são hoje vendidos no lugar onde são feitos – Casa do Zezinho – e também em eventos de moda ou feiras de produtos ecologicamente corretos. A Casa fica na periferia de São Paulo e hoje atende mil meninos e meninas de famílias de baixa renda. Saiba mais www.casadozezinho.org.br

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As sacolinhas de supermercado são trançadas formando bolsas diferentes e resistentes.

Paz na consciência

A Green Obsession apresentou uma linha de acessórios que deixam bolsas e sapatos de couro no chinelo. Feitos com fibras naturais, os produtos dessa empresa de Manaus têm design superfeminino e prometem beleza no corpo e paz na consciência. Mais infs.: www.greenobsession.com.br

Beleza e limpeza sem sofrimento

Muito positiva a presença, na 4a Feira Internacional de Produtos Orgânicos e Agroecologia, da Surya, Florestas, Phytophilo e de outras marcas de produtos de cuidado pessoal que usam ingredientes de origem vegetal e não fazem teste em animal. Esses estandes mostram que o consumidor está cada dia mais atento à postura ética das empresas. Vale destacar também a linha de produtos de limpeza da Cassiopéia.

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Banca de produtos para o banho, da Phytophilo (www.phytophilo.com.br)
  


 

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