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Publicado: 06 Mai 2019
Nesta última quinta-feira a bolsa de valores norte-americana testemunhou o que foi a estreia de maior sucesso de uma empresa em Wall Street dos últimos vinte anos.
A empresa por trás da estrondosa conquista foi a Beyond Meat, responsável por desenvolver hambúrgueres à base de proteína vegetais com gosto e textura semelhante à da carne, e que conta com investidores como Bill Gates. Em apenas um dia, o valor das ações da Beyond Meat subiu mais de 160%. Com o aporte de capital, a empresa pretende expandir suas fábricas globalmente, e ampliar sua linha de produtos (que já inclui também linguiças e carne moída).
O sucesso da Beyond Meat na bolsa de valores vem confirmar as expectativas de crescimento vertiginoso do mercado de proteínas vegetais nos próximos anos. Por um lado, consumidores se conscientizam cada vez mais dos problemas ambientais, éticos e de saúde associados à criação e consumo de animais, com uma crescente proporção da população interessada na redução do consumo de carnes e derivados. Por outro lado, cientistas, governos e empreendedores no mundo todo exploram formas sofisticadas de desenvolver substitutos de carnes, leites e ovos. Recentemente, a rede Burger King fez uma parceria com a Impossible Foods nos EUA para vender um hambúrguer que ‘sangra’, feito inteiramente com proteínas vegetais. Enquanto isso, a alta demanda pelos insumos vegetais utilizados nestes novos produtos, como a proteína de ervilha, levou o governo do Canadá a transformar várias de suas províncias em referências no cultivo de proteínas alternativas. E, do outro lado do mundo, gigantes como a Índia e a China já investem no desenvolvimento de tecnologias que não envolvam a criação de animais para a produção de carne.
Poucos anos atrás, Eric Schmidt, presidente do Google até 2011 e considerado um visionário no mercado, afirmou que “uma revolução irá ocorrer, na qual as proteínas vegetais irão substituir a carne nas próximas décadas”. Previsão similar foi feita por José Luís Cordeiro, fundador e docente da Singularity University, da NASA, no Vale do Silício. A revolução chegou. Resta saber se o Brasil, atualmente um dos maiores produtores de proteína do mundo, saberá aproveitar as oportunidades econômicas e de crescimento que esta mudança pode proporcionar, ou se continuará apostando todas as suas fichas em um modelo de produção que, em um futuro não tão distante, será ultrapassado.
Texto por: Cynthia Schuck