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Publicado: 27 Junho 2016
A Fernandinha, vegana há três anos, sempre, foi ligada aos esportes e não sentiu diferenças nos seus treinos e no rendimento esportivo após mudar seus hábitos alimentares.
Ela se tornou vegana principalmente por não concordar com o sofrimento causado nos animais para a produção de alimentos para o consumo de carnes, leites e seus derivados, além de não querer mais compactuar com a indústria da moda, produtos de beleza, limpeza, couro e lã.
Conheça um pouco mais sobre ela na entrevista exclusiva para a SVB!
1. Há quanto tempo você é vegana? Como foi o período de transição?
Eu sou vegana há uns três anos.
2. Qual a principal causa que lhe fez se tornar vegana? A causa ambiental, animal ou alimentar?
Minha motivação foi o sofrimento que descobri que causamos aos animais ao decidir nos alimentar de carnes, leites e seus derivados. A indústria da moda usando couro, lã, etc., produtos de beleza, de limpeza, etc..Simplesmente, não poderia mais compactuar com isso após ter essa consciência.
3. Qual a sua principal satisfação em ser vegana?
São muitas. Difícil escolher uma. Mas posso afirmar que tudo em minha vida melhorou. Me sentir bem com minha consciência, sabendo que vivo bem e melhor do que antes de ser vegana, sem causar sofrimento aos animais, é transformador, gratificante.
4. Quais foram suas principais adaptações relacionadas ao esporte depois que você se tornou vegana?
Na verdade, eu descobri como me alimentar melhor depois de me tornar vegana, pois pesquisei e estudei bastante quando me tornei. Assim, fiz as substituições certas e não ficava mais de 3 horas sem comer algo realmente nutritivo e que fez diferença no meu rendimento. Comecei a me alimentar mais consciente. "Ouvir" mais meu corpo do que ele necessitava ou não.
“Comecei a me alimentar mais consciente. "Ouvir" mais meu corpo do que ele necessitava ou não.”
Precisei descobrir suplementos veganos e, para minha alegria, o Brasil tem marcas de ótima qualidade. Aprendi a fazer leites e queijos vegetais muito mais leves e saudáveis do que aqueles que eu comia antes, de origem animal.
5. Sua vida foi sempre ligada ao esporte?
Desde que nasci rs! Meus pais se conheceram na faculdade de Educação Física, então, imaginem, desde que comecei a caminhar, tinha algum tipo de competição ligada ao esporte, coordenação motora e atividade física lá em casa.
6. Qual a maior dificuldade em ser uma atleta vegana?
Eu não encontrei muitas dificuldades, pois todos me viam sem lesão, com bastante energia e bom humor, então, não tinham do que reclamar com relação ao que comia. Talvez, nas viagens, algumas vezes, não tenha sido tão fácil encontrar opções importantes para me alimentar, mas nunca passei fome. Com uma conversa boa com o chef do restaurante sempre me virei bem e, também, levava algumas coisinhas preparadas de casa já, mas não refeição pronta, algo para dar um valor nutricional maior aos pratos, como um "queijo ralado" vegano, feito em casa, com amêndoas, levedo de cerveja, alho e sal rosa.
7. Você sentiu diferenças no seu organismo ou no ritmo dos seus treinos? Quais foram os maiores benefícios?
Passado os primeiros dias de desintoxicação, momento bem difícil, pois eu comia muita carne e queijos, eu reparei uma recuperação muscular muuuuito melhor, muito bom humor, sempre, acordava mais disposta e feliz, resumo: tinha sempre mais energia, o resultado foi menos lesão.
8. Para você, qual é a importância da nutrição no esporte?
Ela é fundamental. Aliás, falo, com toda a certeza, que os atletas não têm 10% de acompanhamento em como se alimentar, não fazem ideia do que comer e ou são mal-informados. Eu descobri que comia mal e achava que me alimentava super bem. Com a alimentação correta de origem vegetal, a gente consegue dar um salto na qualidade de vida, e é claro nos treinamentos, porque, quando você tem uma recuperação muscular melhor, logo, você tem menos lesão e, assim, sua performance aumenta e muito. Gostaria de ter despertado para o veganismo há muitos anos. Encerrei minha carreira sentindo os benefícios já com 32 até 36 anos, imagine um atleta no auge??? Com uns 25 ou 30... A diferença é muito grande e tem que ser dada a devida atenção para esse tipo de alimentação. Hoje, não é o que acontece, nem de longe. Os últimos anos, joguei com atletas onde a mais velha tinha uns 25 anos, sempre cansadas, lesionadas; e eu com mais energia e lesão zero, elas ficavam enlouquecidas comigo (risos) daí eu pensei, claro, na idade delas, eu me alimentava como elas, provavelmente, sentia o mesmo que elas sentem hoje. Então, acho fundamental fazer uma alimentação 100% de origem vegetal, principalmente, para os atletas profissionais. Talvez, no esporte coletivo, não se consiga analisar muito bem, pois um depende do outro, mas, nos esportes individuais, podemos notar a diferença facilmente nos resultados.
“Gostaria de ter despertado para o veganismo há muitos anos. Encerrei minha carreira sentindo os benefícios já com 32 até 36 anos, imagine um atleta no auge?”
9. Você gosta de cozinhar? Quais são as principais opções que você utiliza em suas receitas? Quais são os pratos que mais fazem sucesso?
Adoro. Na verdade, depende muito do tipo de prato, se for fazer um queijo, eu uso bastante castanhas e amêndoas. Em um prato quente, não uso nenhuma alternativa específica, uso minha criatividade com a rica oferta que temos de verduras, legumes e até frutas. Talvez, para um strogonoff, eu use palmito ou cogumelos, para um bobó, também, uma moqueca uso carne de jaca e fica maravilhoso. Também faço um brownie que todos adoram, em receitas doces, podemos usar o leite de coco, de amêndoa, etc. Noossa é tanta opção! Descobri tantos sabores novos e continuo descobrindo. É um universo novo é maravilhoso.
10. Acreditamos que você escute bastante a frase “mas e a proteína?”, não é mesmo? Como você lida com esse assunto?
Sim, escuto sim. Quem quer realmente saber eu percebo pelos comentários e o tom da pergunta, alguns querem só criticar e dizer o porquê de estar errada na minha escolha. Essa pessoa, infelizmente, não está pronta pra ouvir o que eu gostaria de dizer, não quer ainda sair da sua zona de conforto, então, eu fico em silêncio, sorrio e guardo a energia para explicar para quem realmente não sabe e gostaria de aprender mais, entender, tirar suas dúvidas. Não necessariamente se tornará vegetariano ou vegano amanhã, mas já plantei uma sementinha ali. E esse é meu objetivo, ajudar as pessoas a despertarem, assim como me ajudaram.
11. Você segue alguma dieta para suprir todas as necessidades do seu organismo? Conte-nos sobre ela.
Eu não sigo nenhuma dieta específica. Tento comer o máximo de alimentos crus que eu consigo. Adoro sucos verdes e, de manhã, eles não podem faltar. Não como nada industrializado, até porque hoje meu corpo não aceita mais e passou a vontade de tais comidas. Tento diminuir a farinha da minha vida e só uso açúcar de coco ou adoço com tâmaras. Na verdade, ouço meu corpo, descobri que, mesmo sendo vegana, tem alimento que meu corpo não aceita tão bem e isso vamos descobrindo aos poucos e à medida que nosso corpo desintoxica. Então é isso, não sigo uma dieta em particular, como tudo dentro da dieta vegana de acordo com a aceitação do meu corpo.
“Eu não sigo nenhuma dieta específica.”
12. Quais substituições inteligentes você aprendeu e pratica na sua alimentação e nas suas receitas?
Hommus, pastinhas veganas muito saborosas para comer no lugar do queijo. Amêndoas e castanhas no lugar do queijo ralado (aquela receitinha que passei lá em cima). Para dar liga em receitas, usar o gel que se cria quando colocamos a linhaça ou chia de molho na água, ou, se for doce, pode por no suco de laranja e ou maracujá fica muito bom. Usar a batata-baroa nas receitas para dar aquele sabor de queijo e manter a dieta saudável. Precisamos estudar um pouquinho e usar a criatividade, dificilmente, sigo receitas à risca, mas hoje, com a internet, fica tudo mais fácil, pois encontramos muitas dicas e receitas on-line.
13. Você indica para gente uma receita bem bacana que você goste de fazer?
Gosto de fazer um creme de abóbora supersimples e muito gostoso!
Creme de abóbora
Ingredientes
- 500 gramas de abóbora
- ¼ de cebola
- 2 dentes de alho
- 3 colheres de sopa de óleo de coco
- Sal rosa a gosto
- Pimenta-do-reino
- 1 colher (sopa) de azeite
- Salsinha a gosto
- Cebolinha a gosto
- Água para cozimento
Modo de preparo
- Coloque a abóbora para cozinhar em uma panela o suficiente para cobri-la.
- Bata no liquidificador com um pouquinho da água do cozimento.
- Refogue 1/4 de cebola e 2 dentes de alho no óleo de coco e acrescente o creme da abóbora e misture deixando pegar o gostinho na panela!
- Depois de tirar do fogo, acrescente sal rosa, pimenta-do-reino, azeite e muita salsinha e cebolinha!