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Publicado: 19 Julho 2014
Como todo movimento que ainda é minoritário na sociedade, o movimento vegetariano enfrenta repetidas demonstrações de preconceito, desinformação e mitos - em especial no Brasil, um país onde a cultura e o setor econômico da carne são tão poderosos. A imprensa, mesmo quando bem intencionada, tende a ser arrastada por estes conceitos errados, antigos e repetidos sobre o vegetarianismo e terminam, assim, emprestando o seu nome para a perpetuação de inverdades que podem ser muito lesivas ao crescimento do vegetarianismo se não forem repreendidas.
Por esta razão, a SVB vem se dedicando cada vez mais a manter um programa de vigilância da imprensa e dos meios de comunicação, reagindo nestas ocasiões por iniciativa própria ou quando acionada pelos seus filiados e exigindo retratações, correções de erros técnicos, direitos de resposta e de abertura de espaços para aprofundamento do tema - de modo a fazer-se justiça ao vegetarianismo.
Algumas ações de vigilância anteriores da SVB já resultaram em retratações importantes, como o pedido de desculpas da nutricionista do comercial da Friboi (2014) e a abertura da página 3 da Folha de São Paulo para um artigo de mais de 3 mil caracteres da SVB falando sobre os benefícios do vegetarianismo (2013). Outras, mais recentes, foram dirigidas à UOL, Época, Crescer e NOVA.
Porém, é esta também uma das principais áreas em que há desinformação na imprensa: "Crianças não devem ser vegetarianas", "A proteína da carne é essencial" e "O cálcio do leite é necessário para a boa saúde dos ossos" são apenas alguns exemplos dos mitos que são reproduzidos ocasionalmente em alguns dos principais veículos da imprensa brasileira - e o pior: frequentemente baseados em entrevistas com médicos e nutricionistas igualmente desinformados.
Uma edição anterior da Revista Crescer, por exemplo, trazia citações afirmando que "crianças não devem adotar dietas vegetarianas" e que "se também não consumir leite e ovos, ficará com deficiência de cálcio e proteínas". As afirmações são contrárias aos principais pareceres de nutrição do mundo que versam sobre nutrição vegetariana. Após receber as primeiras mensagens da SVB, a revista colocou-se à disposição para veicular quaisquer correções técnicas que houvesse a ser feitas. As correções foram enviadas e, no momento de publicação desta matéria, aguardavam publicação.
Posicionamento da SVB solicitando revisão da matéria "Criança pode ser vegetariana?", publicada na Revista Crescer (clique na imagem para visualizar o PDF)
Outros erros graves, reproduzindo preconceitos ultrapassados a respeito de proteínas, ferro e outros nutrientes na dieta vegetariana, foram veiculados recentemente na UOL Mulher ("Criança que segue dieta vegetariana precisa de acompanhamento nutricional rigoroso", diz a matéria) e na Revista NOVA (onde afirma-se que "Cortar a proteína animal do cardápio ou qualquer outro grupo alimentar não é recomendado para a saúde"). A SVB foi atendida por ambos os veículos, que prometeram acolher as correções que a entidade enviou.
Posicionamentos da SVB solicitando revisão das matérias publicadas na UOL Mulher e na Revista NOVA (clique nas imagens para visualizar os PDFs)
Revista Época e o artigo "Alfaces sofrem?"
Por vezes, a SVB recebe de seus filiados, ainda, queixas a respeito de artigos ofensivos, preconceituosos e/ou intolerantes, o que representa um dano diferente, porém não menos significativo, aos avanços sociais conquistados e futuros por parte do movimento vegetariano. Um caso recente foi a divulgação do desrespeitoso artigo "Alfaces sofrem?", na coluna de Walcyr Carrasco da Revista Época. O Departamento de Ética Animal da SVB reagiu com um pedido de direito de resposta e, após algumas mensagens trocadas, ficou acertado que será publicado texto de cerca de dois mil caracteres refutando as falácias e preconceitos publicados naquele artigo.
Pedido de direito de resposta da SVB a respeito do artigo "Alfaces Sofrem?", publicado na Revista Época (clique na imagem para visualizar o PDF)
ATUALIZAÇÃO: REVISTA ÉPOCA
Na Revista Época de 28 de julho de 2014, foi publicada uma versão resumida do texto enviado pela SVB em resposta ao artigo de Walcyr Carrasco. O texto completo pode ser acessado aqui.